Carros | Longa duração
Ford Ecosport XLS 1.6
Agosto 2005

Ford Ecosport XLS 1.6

Parceiro de andanças, nosso Eco passa por seu mais minucioso exame

Por Adriano Griecco / fotos: Sérgio Chvaicer
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ALTERAR O TAMANHO DA LETRA

Classificar o EcoSport como um fora-de-estrada seria exagero. Mas, levando em conta os carros que avaliamos nesses quase 33 anos do teste de Longa Duração, ele é um dos que mais se aproxima dessa definição. Até então, tínhamos nos aventurado nesse terreno com uma Belina 4x4, que se despediu na edição de março de 1987, e com uma picape F1000 diesel com tração nas quatro rodas, desmontada na edição de julho de 1997.

O jeito aventureiro de ser do Eco inspirou nossas pautas desde o dia em que se integrou à frota, em 10 de outubro de 2003. Ainda cheirando a novo, nas mãos do jornalista Henrique Skujis ele partiu para 12000 quilômetros de um roteiro que incluiu as montanhas do Parque Nacional Torres del Paine, no Chile, as sinuosas estradas dos Andes e a península Valdés, na Argentina. Depois de 23 dias de aventura, com exceção do ar-condicionado, que parou de funcionar no meio da viagem, o carro não apresentou problemas.

Pelo espírito aventureiro, dois pontos mereceram desde sempre nossa atenção: direção e suspensão. E, nesses quesitos, o Eco apresentou boa performance. Segundo Fábio Fukuda, técnico da oficina paulista Fukuda Motorcenter, os terminais de direção e suas barras axiais estavam sem folga, assim como a caixa de direção e a coluna. Constantemente exigidos, os amortecedores se apresentaram ainda com carga e as buchas da suspensão não mostraram desgaste excessivo.

Com quase 30000 quilômetros, o Eco passaria por outra aventura, conduzido pelo jornalista Nelson de Almeida Filho. Foi um bate-e-volta, saindo de São Paulo, passando por Atibaia (SP), com chegada em Monte Verde (MG). Ao final, ele recebeu elogios pelo trabalho da suspensão, mas ficou devendo em subidas e terrenos acidentados, onde os batentes dos amortecedores anunciavam que brincadeira tem limite. Até a metade de sua vida útil por aqui, seus problemas eram um rangido na alavanca de câmbio por pouca lubrificação, o botão do farol de neblina que emperrava, a avaria do ar-condicionado, além de um mal que o acompanharia para sempre, os ruídos internos.

Depois de rodar em estradas não pavimentadas, foi justamente no asfalto que o Eco obrigou o editor Sérgio Ruiz a acionar o Ford Mobility, serviço de assistência da fábrica. O carro parou na serra entre Maresias e Boiçucanga, depois de um colapso na embreagem. Consideramos a quebra prematura, mas a Ford contra-argumentou que a causa do defeito foi má utilização do sistema. Na época, teríamos de desembolsar 1268 reais pelo conserto, que foi coberto pela garantia. No desmonte, pudemos observar que o disco de embreagem apresentava desgaste compatível com os 25000 quilômetros rodados, porém o platô da embreagem tinha molas danificadas e com alturas irregulares, e o rolamento mostrou desgaste acentuado. Boas pistas para explicar a dureza do pedal ao final do teste. Ainda assim, o câmbio não demonstrou problema: tanto engrenagens como anéis sincronizados não davam sinais de fadiga.

Quem acompanha a vida de nosso Eco deve se lembrar de uma "arritmia" do motor aos 33000 quilômetros, causada por defeito nos cabos de vela. No desmonte, constatamos que a carbonização da câmara de combustão e das cabeças dos pistões condizia com a quilometragem. A compressão dos cilindros estava dentro dos valores estipulados pelo fabricante, mas as válvulas de escape já apresentaram assentamento deficiente. O fato poderia ocasionar, a longo prazo, fuga dos gases da câmara de combustão e perda de rendimento no motor. As outras medições feitas, como folgas nos cilindros e no virabrequim, não demonstraram desgaste prematuro dos componentes.

Durante os 60000 quilômetros em que o Eco esteve conosco, a maior reclamação dos usuários se referia ao ruído na cabine. Pudemos notar que a porta dianteira direita estava desalinhada e com vão na parte superior. Tal constatação nos leva a crer que as dobradiças cederam, o que também aconteceu na porta traseira. No mais, a carroceria apresentou-se em boa forma e sem problemas de vedação. Já não se pode dizer isso do acabamento interno. Não foram poucas as vezes em que a parte interna da tampa traseira soltou. Para resolver o problema, um dos concessionários utilizou feltro nos pinos de fixação e nas bordas do revestimento da porta de trás (veja quadro). O mesmo foi notado na porta dianteira esquerda. Na tentativa de abafar o barulho, uma boa quantidade de espuma foi usada. Ainda assim, os barulhos perduraram até o final do teste.

O freio também executou seu solo na indesejada sinfonia. Segundo Fukuda, o EcoSport chegou à oficina com ruído acima do normal. As pastilhas de freio estavam em bom estado - foram trocadas na revisão dos 45000 quilômetros -, mas os discos apresentaram uma diferença anormal de espessura entre si (0,7 milímetros), embora dentro da tolerância da fábrica, o que poderia explicar os ruídos.

Comparando o Eco com nossos últimos desmontes - Stilo e Fit -, ele apresentou mais ocorrências durante nossa convivência. O acabamento interno continua sendo um ponto a melhorar. Outro item que merece consideração é o redimensionamento da embreagem. Por outro lado, motor, câmbio e suspensão se mostraram adequados à proposta do carro, que convida a uma utilização que vai além das estradas pavimentadas. Assim como nós fizemos.

BALANÇO

Data da compra:
outubro de 2003

Preço de compra:
42800 REAIS

Preço de venda:
40500 REAIS

Final do teste:
junho DE 2005

Quilometragem
total: 60979 KM

Consumo total:
6267,79 LITROS

Consumo médio:
9,7 km/l
Óleo: 20 litros

CUSTOS

Combustível:
13546 reais

Óleo: 280 reais

Peças: 2238 reais

Mão-de-obra:
1564 reais

Total: 17628 reais

Custo/km: 0,29 real

MAIS NÚMEROS

43 motoristas

26 viagens

26600 km em estradas

34380 km em trechos urbanos

FONTE: QUATRO RODAS

http://quatrorodas.abril.com.br/carros/duracao/conteudo_140450.shtml